quinta-feira, 11 de março de 2010

5ª feira - Dia de "HOMENS E MULHERES"




EU ACHO QUE EU VI UM GATINHO....


Um dia, em um impulso causado pela solidão, Laura resolveu que iria comprar um gato. Um lindo gato persa, quem sabe. Ou um angorá. Vira lata nem pensar. Não são muito meigos, destroem a casa, são ariscos e nada interativos. Queria um bichano tranquilo, fofo, independente e ao mesmo tempo carinhoso. De preferencia que durma bastante.

Começou a observar todas as vitrines de pet shops na esperança de encontrar seu tão sonhado companheiro de quatro patas uma vez que os de duas necessitava de mais empenho, paciencia, conversa, um belo corpo, depilaçao, etc…. 

E foi durante esta pesquisa de mercado que ela descobriu o mundo animal. 

Imaginava que nessas lojas se encontrassem somente cães e gatos e acabou se deparando com coelhos, preás, pássaros de todas as cores e sons, peixes estranhos, répteis meio nojentinhos, mini camundongos, ou melhor, ramster que não servem pra nada e até cobras.  E seu lindo gato nada. Só encontrava aqueles ruivinhos.

Foi então que começou a pensar que realmente seu destino talvez fosse viver sozinha, muito contra gosto, afinal nem um gato quadrúpede era capaz de trazer pra dentro da sua casa.

Um dia conversando com seus amigos de trabalho, pois ela era a única mulher no seu departamento, confessou seu projeto de adoção. 

Todos se espantaram pois a colega não passava essa ideia de mulher. Todos imaginavam um tipo independente, auto suficiente e que preservava a sua liberdade acima de tudo. Tudo bem que eles também achavam meio estranho o fato dela trabalhar ali há tanto tempo e nunca ter citado a famosa frase: to namorando um cara…ou ….meu namorado…..etc e tal. Uma vez, um deles, gay assumido e feliz, perguntou muito sutilmente se ela era lésbica. Mas  viu que ela era encalhadinha mesmo.

De qualquer modo, aos olhos dos seus amigos de trabalho não era o tipo de mulher azeda ou mau humorada pelo fato de ser solteira, muito pelo contrario, participava de todas as brincadeiras que eles faziam em relaçao ao seu estado civil e sempre dizia que não tinha casado ainda porque ninguém queria casar com ela….

Discursos feministas do tipo homem ronca, não quero lavar cuecas, exijo meu espaço e preservo minha liberdade nunca saíram da sua boca.


Pois muito bem, neste dia de confissão, quando disse em alto e bom tom que queria adotar um gato, um dos seus companheiros de trabalho, o mais chegado e mais divertido e com quem ela as vezes até trocava umas confidências, permaneceu mudo, concentrado no seu trabalho enquanto todos davam palpites de raça, cor e até o nome que teria o seu felino.

Foi quando, depois de tudo mais ou menos acertado, ou seja, todos procurariam saber de alguém que tivesse uma gata gravida ou um pet shop decente, seu amigo se vira, olha pra ela e diz: Não é por nada não, mas gato é bicho de tia solteirona.


Ela se virou, espantada com a observação do seu amigo. Ele voltou a olhar para o seu monitor, concentrado no seu trabalho, mas com um sorrizinho de canto de boca e uma sombrancelha meio levantada dando aquele ar de ironia que ela conhecia muito bem.

Justo ele, o único que sabia algumas particularidades da sua vida. Justo ele foi dizer uma coisa dessas! O pior é que ninguém contestou e ela permaneceu ali, muda, meio maus e pensando: 

- Até que aquele coelhinho branquinho não era nada mal. Ou um peixe, quem sabe.



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