sexta-feira, 27 de julho de 2012

GARÇOM, POR FAVOR....

Ontem fui jantar com duas amigas em uma lanchonete bacaninha da cidade. E o que era para ser um pedido rápido, tipo, um sanduba, um suco, um doce e um café, virou um interrogatório mais ou menos assim:

Garçom: Boa noite, querem o cardápio?
(Não mané, não precisa, já manedei um torpedo pro celular do chapeiro pedindo um cheeseburguer.)
- Sim, obrigada.

- Para beber?
- Uma água.
- Com gás ou sem gás?
- Sem gás
- Com gelo ou sem gelo?
- Sem gelo
- Natural ou gelada?
(Putaqueopariu! Um água. é só isso que eu quero! Precisa me fazer tanta pergunta. Se quisesse com gás diria: uma água com gás, gelo, limão, etc... Pedi uma água. Só isso.)
- Natural.

Fim do primeiro round. Vamos ao segundo.

- Já escolheram o que pedir.
- Sim. Um cheesesalada
- Bem passado ou ao ponto?
-Ao ponto
- Pão ciabata ou pão normal
- Pão normal
- Com maionese ou sem maionese?
(quem disse pra ele que cheese salada não tem maionese? Tem que ter senão o hamburguer não foge do pão!!!!)
- Com
- Hamburguer de frango ou de carne.
- Hã?
- Frango ou carne?
- Porco. 

Ele se foi. Mas voltou logo depois. Terceiro round.

- Deseja um suco?
- Sim. Esse de abacaxi.
- Açucar ou adoçante?
- Açucar
- Natural ou com gelo?
- Um suco moço. Só isso.

Finalmente conseguimos conversar entre nós e não com o garçom. Findo o jantar, hora do doce.

Ele volta.

- Posso tirar os pratos?
(Não, deixa aqui que o meu cachorro já tá chegando pra comer o que sobrou. E o da minha amiga, ela vai esperar nascer uns fungos pra fotografar e colocar no Facebook.)
- Pode
- Sobremesa?
- Sim
- Querem o cardápio?
(Não. Fiz um curso de leitura dinâmica pelo correio e já decorei tudo o que tá escrito lá.)
- Sim


Lemos o cardápio e escolhemos um sorvete com nome estranho.



- Moço, um sorvete fulano de tal.
- Creme, morango ou chocolate?
(Espera um pouco que eu vou ligar pro Marcio Thomás Bastos pra saber se devo responder ou se tenho o direito de permanecer calada.)
- Chocolate
- Uma ou duas bolas?
(Quantas você tem?)
- Uma.


Devoramos o sorvete. Hora do café. Volta o sujeito.


- Por favor um café
- Nexpresso ou expresso?
(Se o George Clooney vier aqui, nú, me servir o café, pode ser o Nexpresso, se for você mesmo, me traga um de coador.)
- Normal.
- Açucar ou adoçante?
(Meu senhor, depois desse mergulho em um sorvete de chocolate, com brownie e amêndoas o que vai fazer um adoçante na minha mesa se eu já ganhei 3 quilos a mais?)
- Os dois. (só para deixar ele confuso).


Hora da conta. E lá vem o promotor de justiça disfarçado de garçom.

- Dinheiro ou cartão?
- Cartão.
- Mastercard ou Visa?
- Visa
- Crédito ou débito?
(Posso pagar em 3 vezes?)
- Débito.
- Nota fiscal paulista?
(Vafanculo!)


Me despedi das minhas amigas e no caminho de volta para casa fui pensando: bom mesmo é a Dengosa, a padoca na esquina de casa, onde eu chego no balcão e peço pro chapeiro, o Djalma, um cheesesalada, um suco e um café. Me sento na mesinha do lado de fora e cinco minutos depois vem o portuga mais antipático da Penísula Ibérica e me joga na mesa, no prato amarelo duralex, um sanduba com o queijo vazando pra fora, queimado na chapa, que vai colar direto nas minhas artérias.
O suco no copão. Na mesa já tem aquela torre vermelha horrorosa cheia de canudinho e o açucareiro de inox. Adoçante? Meu amor, quem come em padaria não usa adoçante.
O cafezinho vem naquela xícara de borda grossa, encardidinha e pelando.
Ele me dá um papelzinho todo engordurado, onde está escrito a mão: 7, 00 + 4,50 + 2,50
E no caixa, decido eu se entrego um cartão ou uma nota de 20 reais.

Isso sim que é serviço! E ainda ganho um sorriso e um bom dia do Djalma!