quinta-feira, 5 de julho de 2012

AMIGA TAMBÉM SE COME...



Como todo homem de quilometragem alta, ele tinha uma amiga que considerava uma irmã e confidente. Ela sabia de tudo. Suas mulheres, seus erros, seus truques, suas conquistas e por aí vai.
Na verdade era uma mulher muito interessante, inteligente, nada de fisicamente especial mas com um charme particular. Carismática e divertida.
Pois bem, num período de entresafra, meio cansado da galinhagem, sem vontade de oferecer jantarzinhos no seu apartamento para impressionar alguma Deusa, resolveu convidar sua amiga para viajarem juntos num feriado prolongado.
Praia, hotel legal, lugar sossegado. Relax no sentido mais amplo possível inclusive porque ali cada um pagava a sua parte.
O problema é que seu agente de viagem, que o conhecia muito bem, pois a cada bilhete aéreo emitido mudava o nome da acompanhante, não se deu ao trabalho de perguntar de quem se tratava. Reservou uma ótima suíte, com cama de casal king size, de frente pro mar e muito aconchegante.
Chegaram, viram o quarto e fingiram não se preocupar com a situação. Tudo muito natural. Na primeira noite, cansados, cada um virou pro seu lado e caiu morto. Na segunda noite conversaram um pouco. Na terceira um pouco mais e na quarta, como ninguem é de ferro e um já aparecia de pijama na frente do outro, a coisa esquentou e rolou uma noite e tanto. Ela já esperava por uma performance razoável uma vez que ele lhe contava tudo, mas ele ficou de boca aberta com a destreza daquela que era uma amigona e que nunca tinha imaginado do que fosse capaz.
E assim correram os dias de férias a dois, num clima de muito sexo e poucas palavras.
Na volta ele não quis largar o osso. Insistiu na relação, mas à sua maneira, ou seja, ligava para amiga todos os dias e fazia várias visitinhas noturnas por semana.
Na verdade gostou do que provou mas não assumia. Um clássico.
Até que pintou a situação constrangedora. Véspera do seu aniversário e ele organizou uma festinha em casa. Incluindo nas convidadas a amiga-amante, as free lancers, as ex e as futuras. E entre as futuras tinha uma ruiva que arrasava.
O clima do jantar rolou pesado, do ponto de vista dela, que se sentia uma idiota por estar ali, vendo seu melhor amigo de anos e amante de algumas semanas ignorando a sua presença e pagando pau pra ruiva.
O pior de tudo era o arrependimento de ter chegado na festa com um presente que lhe custou a escova progessiva do mês seguinte. E a ruiva chegou de mão vazia, ou melhor, trouxe o corpinho de presente.
No final da noite, quando ela sacou que a “água de salsicha” ia ganhar  a parada e de lá não ia embora sem antes dar pra ele, não pensou duas vezes: foi até o quarto dele, tirou o sutiã e colocou debaixo da colcha do lado esquerdo, porque ele dormia do lado direito.
Depois foi até o banheiro, tirou a calcinha, abriu o box e pendurou na torneira.
Voltou para sala, deu um tempinho em pé e depois foi embora. Andando meio estranho, mas vingada.