Como todo homem de quilometragem alta, ele
tinha uma amiga que considerava uma irmã e confidente. Ela sabia de tudo. Suas
mulheres, seus erros, seus truques, suas conquistas e por aí vai.
Na verdade era uma mulher muito
interessante, inteligente, nada de fisicamente especial mas com um charme
particular. Carismática e divertida.
Pois bem, num período de entresafra, meio
cansado da galinhagem, sem vontade de oferecer jantarzinhos no seu apartamento
para impressionar alguma Deusa, resolveu convidar sua amiga para viajarem
juntos num feriado prolongado.
Praia, hotel legal, lugar sossegado. Relax
no sentido mais amplo possível inclusive porque ali cada um pagava a sua parte.
O problema é que seu agente de viagem, que
o conhecia muito bem, pois a cada bilhete aéreo emitido mudava o nome da
acompanhante, não se deu ao trabalho de perguntar de quem se tratava. Reservou
uma ótima suíte, com cama de casal king size, de frente pro mar e muito
aconchegante.
Chegaram, viram o quarto e fingiram não se
preocupar com a situação. Tudo muito natural. Na primeira noite, cansados, cada
um virou pro seu lado e caiu morto. Na segunda noite conversaram um pouco. Na
terceira um pouco mais e na quarta, como ninguem é de ferro e um já aparecia de
pijama na frente do outro, a coisa esquentou e rolou uma noite e tanto. Ela já
esperava por uma performance razoável uma vez que ele lhe contava tudo, mas ele
ficou de boca aberta com a destreza daquela que era uma amigona e que nunca
tinha imaginado do que fosse capaz.
E assim correram os dias de férias a dois,
num clima de muito sexo e poucas palavras.
Na volta ele não quis largar o osso.
Insistiu na relação, mas à sua maneira, ou seja, ligava para amiga todos os dias e fazia várias visitinhas noturnas por semana.
Na verdade gostou do que provou mas não
assumia. Um clássico.
Até que pintou a situação constrangedora.
Véspera do seu aniversário e ele organizou uma festinha em casa. Incluindo nas
convidadas a amiga-amante, as free lancers, as ex e as futuras. E entre as
futuras tinha uma ruiva que arrasava.
O clima do jantar rolou pesado, do ponto de
vista dela, que se sentia uma idiota por estar ali, vendo seu melhor amigo de
anos e amante de algumas semanas ignorando a sua presença e pagando pau pra
ruiva.
O pior de tudo era o arrependimento de ter
chegado na festa com um presente que lhe custou a escova progessiva do mês seguinte. E a ruiva chegou de
mão vazia, ou melhor, trouxe o corpinho de presente.
No final da noite, quando ela sacou que a
“água de salsicha” ia ganhar a parada e
de lá não ia embora sem antes dar pra
ele, não pensou duas vezes: foi até o quarto dele, tirou o sutiã e colocou debaixo
da colcha do lado esquerdo, porque ele dormia do lado direito.
Depois foi até o banheiro, tirou a calcinha,
abriu o box e pendurou na torneira.
Voltou para sala, deu um tempinho em pé e
depois foi embora. Andando meio estranho, mas vingada.
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