quinta-feira, 4 de março de 2010

5ª feira - Dia de "HOMENS E MULHERES"


Gal Costa canta Tom Jobim



Não preciso nem dizer que este era o CD preferido dela. Tanto que ela copiou todas as músicas no seu notebook só para poder ouvi-lo quando não estivesse na santa paz do seu lar. Coisa aliás que não estava acontecendo ultimamente porque além de muito trabalho, andava enroladíssima com um sujeito que segundo ela era perfeito se não fosse algo de estranho no jeito dele que as vezes fazia ela pensar que talvez fosse gay. Mas só a hipótese de estar saindo novamente com um “meio gay” lhe dava arrepios e achou melhor deixar essas ideias de lado e tocar pra frente seu casinho. Digo “novamente” porque um dos últimos com quem ela teve seus rolos e desconfianças sexuais, hoje está casado, bem sucedido e com dois filhos. O único detalhe é que mulher dele é um trubufu e segundo seus amigos essa é a maior prova de que ele era realmente “meio gay”.

Mas voltando ao atual….

O romance andava bem, com muitos telefonemas, alguns finais de semana, jantares, e tudo o mais que compreende estes tipos de relações que não são namoros. 

Não dava pra dizer que era um relação de futuro mas melhor isso do que nada porque quem inventou a tal frase “antes só do que mal acompanhada” não sabia de nada. Uma má companhia serve pelo menos pra te levar ao cinema onde ninguém tem que falar nada e você não fica ali sozinha, naquela escuridão, achando que o cara sentado ao seu lado pode ser um tarado em potencial que vai por o "instrumento" pra fora a qualquer momento e você vai ter que sair correndo.

É…as mulheres viajam….

Bom, mas voltando novamente ao caso.

A coisa foi fluindo e quando eles não se viam nos finais de semana seja lá por que motivo, ela curtia seu CD. Cantava todas as músicas de trás pra frente, aplaudia junto com o público e repetia os “obrigados” da Gal enquanto aproveitava para por uma ordenzinha na casa, lavar umas roupinhas a mão, fazer brigadeiro, etc…

Enfim, era a sua companhia nas horas vagas e junto com aquelas músicas recordava alguns momentos bons ao lado do dito cujo. Foi então que teve a infeliz ideia. Dar a ele de presente o seu CD preferido. Imaginou os dois, cada um na sua casa, ouvindo as mesmas músicas e pensando as mesmas coisas.

É…as mulheres viajam….

Largou a faxina no meio, tomou um banho, colocou uma roupinha e foi direto na loja comprar o presente. Voltou para casa, abriu o pacote e pra completar a “cagada” (me desculpem mas só esta palavra pode definir bem este ato), escreveu na capa do disco: “As duas coisas que eu mais gosto de ouvir: este CD e o seu sotaque”. Sim , porque esqueci de dizer um detalhe muuuuuuito importante: ele era gringo e falava portugues daquele jeito que só os gringos falam.


Deixou passar o final de semana para não mostrar muito desespero e numa quarta-feira morta marcaram uma saidinha. E lá foi ela com seu CDzinho preferido debaixo do braço. Ele agradeceu mas não deu muita bola mesmo porque não conhecia muito de música brasileira.

Passadas umas semanas, ele confessou a ela que adorou o CD, preferia o número um que o número dois e que todos os dias quando chegava em casa depois do trabalho a primeira coisa que fazia era escutar “Se todus fosem nu mundu iguais a vosê” . Foi assim que ele escreveu no e-mail.


Mas, pelo rumo que tomaram as coisas, realmente tinha muita gente no mundo igual a ela, porque ele começou a sumir, cantou a sua amiga, saiu com uma loira, viajava nos fins de semana sabe-se lá com quem, enfim, a pisar na bola feio até o dia em que rolou um stress. Não chegou a ser uma baixaria mas toda aquela empolgação foi virando raiva e tudo o que ela desejava pra ele era o pior que se possa imaginar. Era praga em cima de praga.


Moral da história: hoje ela não consegue mais ouvir seu CD preferido porque lhe dá arrepios recordar aquele gringo desgraçado, que fez ela de palhaça. Isso sem falar no baixo astral. Justo o seu CD preferido! Sabia todas as letras de cor. Sabia até o momento em que a Gal pegava folego. Idolatrava Tom Jobim!

Já tentou até pular a faixa de “Se todus fosem nu mundu iguais a vosê” mas não deu muito certo.

E agora, nos finais de semana de ócio, faz faxina e brigadeiro ouvindo Rolling Stones mesmo. Brown Sugar.

Pelo menos as recordações que lhe vêem em mente são outras!


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